segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Reminiscência

Conversando com um colega de trabalho, lembrei de um fato da minha infância. Um dia, quando tinha cerca de nove ou dez anos, voltando da aula me deparei com um aglomerado de pessoas em torno de um cavalo. O animal havia enganchado a pata em um buraco e, na tentativa de dar mais um passo, quebrou o membro. O dono informou que iria sacrificá-lo. O animal, que outrora lhe servia, já não tinha valor. Naquele dia, cheguei em casa aos prantos com pena do bichinho de olhar triste e decidi que seria veterinária, assim, toda vez que encontrasse um animal sofrendo poderia levá-lo ao ‘meu consultório’ e resolver o problema. Cresci, ganhei olhos de gente grande. Não me tornei veterinária. Ao invés disso, optei pelo jornalismo, que faz enxergar, quase todos os dias, um pedacinho diferente do mundo precisando de conserto. Percebi que não existe um ‘consultório’ onde se possam sanar todas as mazelas do mundo. Mas ainda acredito que se mantivermos vivos os sonhos e a sensibilidade das crianças, esse mesmo mundo pode ser sim melhor.